sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CRIMES DA NESTLÉ QUE A MÍDIA BRASILEIRA ESCONDE

As águas turvas da Nestlé: Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão



Há alguns anos, a Nestlé vem utilizando os poços de água mineral de São Lourenço para fabricar a água marca PureLife. Diversas organizações da cidade vêm combatendo a prática, por muitas razões. As águas minerais, de propriedades medicinais e baixo custo, eram um eficiente e barato tratamento médico para diversas doenças, que entrou em desuso, a partir dos anos 50, pela maciça campanha dos laboratórios farmacêuticos para vender suas fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas águas permanece. Médicos da região, por exemplo, curam a anemia das crianças de baixa renda apenas com água ferruginosa.
Para fabricar a PureLife, a Nestlé, sem estudos sérios de riscos à saúde, desmineraliza a água e acrescenta sais minerais de sua patente. A desmineralização de água é proibida pela Constituição.
Cientistas europeus afirmam que nesse processo a Nestlé desestabiliza a água e acrescenta sais minerais para fechar a reação. Em outras palavras, a PureLife é uma água química. A Nestlé está faturando em cima de um bem comum, a água, além de o estar esgotando, por não obedecer às normas de restrição de impacto ambiental, expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O ritmo de bombeamento da Nestlé está acima do permitido.
Troca de dutos na presença de fiscais é rotina. O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos. A extração em níveis além do aceito está comprometendo os poços minerais, cujas águas têm um lento processo de formação. Dois poços já secaram. Toda a região do sul de Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de outras localidades.
Durante anos a Nestlé vinha operando, sem licença estadual. E finalmente obteve essa licença no início de 2004.
Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de tentativas frustradas junto ao governo e à imprensa para combater o problema, conseguiu apoio, na Suíça, para interpelar a empresa criminosa. A Igreja Reformista, a Igreja Católica, Grupos Socialistas e a ONG verde ATTAC uniram esforços contra a Nestlé, que já havia tentado a mesma prática na Suíça.
Em janeiro deste ano, graças ao apoio desses grupos, Franklin conseguiu interpelar pessoalmente, e em público, o presidente mundial do Grupo Nestlé. Este, irritado, respondeu que mandaria fechar imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço. No dia seguinte, no entanto, o governo de Minas (PSDB) baixou portaria regulamentando a atividade da Nestlé. Ao invés de aplicar multas, deu-lhe uma autorização, mesmo ferindo a legislação federal. Sem aproveitar o apoio internacional para o caso, apoiou uma corporação privada de histórico duvidoso.

O terreno do Parque das Águas de São Lourenço 
está afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos.

Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e sistematicamente, vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na Europa, onde o assunto foi publicado em jornais de vários países, além de duas matérias de meia hora na televisão. Em uma dessas matérias, o vereador Cássio Mendes, do PT de São Lourenço, envolvido na batalha contra a criminosa Nestlé, reclama que sofreu pressões do governo federal (PT), para calar a boca. Teria sido avisado de que o pessoal da Nestlé apóia o Programa Fome Zero e não está gostando do barulho em São Lourenço.
Diga-se também que a relação espúria da Nestlé com o Fome Zero é outro caso sinistro. A empresa, como estratégia de marketing, incentiva os consumidores a comprar seus produtos, alegando que reverte lucros para o Fome Zero. E qual é a real participação da Nestlé no programa? A contratação de agentes e, parece, também fornecendo o treinamento.
Sim, é a mesma famosa Nestlé, que tem sido há décadas alvo internacional de denúncias de propaganda mentirosa, enganando mães pobres e educadores, para substituir leite materno por produtos Nestlé, em um dos maiores crimes contra a humanidade.
A vendedora de leites e papinhas “substitutos” estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros do Fome Zero, recolhendo informações e gerando lucros e publicidade nas duas pontas do programa: compradores desejosos de colaborar e famintos carentes de comida e informação. Mais preocupante: o governo federal anuncia que irá alterar a legislação, permitindo a desmineralização “parcial” das águas. O que é isso? Como será regulamentado?
Se a Nestlé vinha bombeando água além do permitido e a fiscalização nada fez, como irão fiscalizar agora a tal desmineralização “parcial”? Além do que, “parcial” ou “integral”, a desmineralização é combatida por cientistas e pesquisadores de todo o mundo. E por que alterar a legislação em um item que apenas interessa à Nestlé? O que nós, cidadãos, ganhamos com isso?
É simples. Sabemos que outras empresas, como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da Nestlé, adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de água. É para essas empresas que o governo governa? Uma vergonha!


Carla Klein, Correio da Cidadania
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Políticos Brasileiros são os mais caros do mundo!!


Em um estudo feito pela Organização Transparência Brasil mostrou que o Congresso brasileiro é o que mais pesa no bolso da população na comparação com os Parlamentos de onze países.

O relatório mostrou que o Congresso Brasileiro gasta em média R$ 11.545,04 por minuto. O único que consegue superar esta marca é nada mais, nada menos que os Estados Unidos, onde cada congressista custa em média 15,3 milhões por ano.



Comparando com outros países...

  1. A média do custo por parlamentar dos Legislativos Europeus mais o Canadá é de cerca de R$ 2,4 milhões por ano e no Brasil fica na marca de R$ 10 milhões.
  2. O mandato de um único vereador do Rio de Janeiro ou de São Paulo saiu por mais de R$ 5 milhões por ano. Em 16 Câmaras Municipais de capitais o custo por mandato fica entre R$ 1 milhão e R$ 2,2 milhões (faixa em que se situam a Grã-Bretanha, México, Chile e Argentina.
  3. Se fizermos a média dos custos de deputados e senadores, cada parlamentar no Brasil sai por R$ 10,2 milhões por ano. Na Itália, são gastos R$ 3,9 milhões, na França, pouco mais de R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil e na vizinha, Argentina, R$ 1,3 milhão. 



Se acham que fica por aí estão enganados! Saibam que o mandato de cada um dos 81 senadores estão ainda mais elevados... custando aos cofres públicos R$ 33,1 milhões por ano, enquanto os 513 deputados federais ficam com R$ 6,6 milhões!!

Arma da Crítica Baixada Santista

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Josef Mengele, o anjo da morte, morou e morreu em Bertioga

Médico nazista, nascido em 16 de março de 1911 em Gunzburg, viveu clandestinamente em Bertioga na década de 1970.


''O Anjo da Morte''


Josef Mengele, médico legista alemão era conhecido como '' O Anjo da Morte''. Eis algumas experiências com seres humanos desenvolvidas por Mengele:
  • injetou tinta azul nos olhos de crianças para mudar a cor;
  • uniu as veias de gêmeos na tentativa de criar irmãos siameses;
  • deixou pessoas em tanques de água gelada para testá-las a resistência;
  • amputou membros de prisioneiros e coletou milhares de órgãos em seu laboratório.
Juntamente com outros médicos, trabalhou um método de esterilização em massa onde as vítimas foram mulheres as quais Mengele injetava diversas substâncias, deixando-as estéreis na maioria dos casos. Mengele fez experiências com ciganos e judeus que tinham doenças hereditárias, como nanismo, síndrome de Down entre outras.Também dissecou vivas, pessoas mestiças, submergindo depois os cadáveres numa tina com um líquido que consumia a carne, deixando assim, os ossos livres.
Os esqueletos eram enviados para Berlim como macabro mostruário da degeneração física dos judeus. Devido às atrocidades cometidas por ele durante a segunda guerra mundial, seu título de Doutor foi revogado pelas universidades de Frankfurt e Munique.


Crianças ciganas desnutridas, que foram utilizadas como cobaias humanas para os experimentos dos médicos nazistas, como Josef Mengele.


Em 26 de Novembro de 1944, Richard Baer, comandante de Auschwitz, recebeu uma estranha ordem de Adolf Hitler que desmantelava o ritmo de extermínio no campo de concentração. Mengele estava na seleção de prisioneiros a serem enviados à câmara de gás. Para ele a ordem não causou estranheza, pois estava convencido que a Alemanha Nazista perderia a guerra.
Mengele abandonou ''de forma encoberta'' o campo de concentração em 17 de janeiro de 1945, e 10 dias depois o Exército Vermelho chegou ao campo e libertou os poucos sobreviventes. Como prisioneiro de guerra, cumpriu pena mas foi libertado depois. Sabe-se que ele fugiu para a Argentina na década de 1940, entretanto, com a captura de Adolf Eichmann ( responsável pela logística de extermínio de milhões de pessoas durante o Holocausto, em particular dos judeus, que foi chamada de "solução final") por agentes do Mossad em Buenos Aires, Mengele decidiu fugir da Argentina e escondeu-se no Paraguai, posteriormente no Brasil, onde viveu em Mamborê, Estado do Paraná. Lá, exerceu ilegalmente a medicina.
Mengele continuo seu périplo pelo Brasil, tendo residido clandestinamente em diversos municípios: Serra Negra, Assis, Marília, Nova Europa, Mogi das Cruzes, Caieiras e Bertioga. Em 1979, o seu estado de saúde estava em franca deterioração e a família austríaca que o assistia (Wolfram e Liselotte Bossert) convidou-o a refrescar-se numa praia de pendente muito suave, Bertioga, no litoral paulista, Mengele aceitou. Quando alguns membros se introduziram na água, Mengele seguiu-os. Então, por motivos confusos e nunca esclarecidos, afogou-se, apesar de um dos amigos que o acompanhava ter imediatamente dado auxílio (supôs-de cãibras, ataque cardíaco, etc., ou mesmo suicídio).
A versão oficial é que se feriu, talvez acidentalmente, com um pedaço de madeira quando nadava em Bertioga, e isso provocou a sua morte por afogamento em 7 de fevereiro de 1979. Causa estranheza o fato de que Mengele não sabia nadar. Os seus ossos foram exumados em 1985, no cemitério de Rosário, na cidade de Embu das Artes, na grande São Paulo. A perícia, conduzida por especialistas do IML e da FOUSP, determinou que a ossada era do médico nazista: um defeito que tinha nos dentes superiores foi comprovado, além de coincidir em idade e estatura. Em 1992, uma análise de ADN confirmou finalmente a sua identidade. Mengele nunca foi punido pelas suas atitudes, falecendo praticamente sozinho em Bertioga.

Josef Megele em 1979, ano de sua morte.



Arma da Crítica Baixada Santista

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Brasil, um País de todos! SERÁ????


O PIB (Produto Interno Bruto) Brasileiro em 2011 ultrapassou a casa dos 2,44 trilhões de dólares, de acordo com a pesquisa pelo  Economist Intelligence Unit (EIU) da revista "The Economist", sendo assim considerada a sexta economia do mundo.
Apesar de ser o 6º País que mais arrecada no mundo, o Brasil é o 84º do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ficando atrás de países economicamente mais pobres como Chile (44º), Venezuela (73º), Peru (80º) e até mesmo a Sérvia (59º).
Segundo o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nasceram 2.760.961 novos Brasileiros e a taxa de mortalidade infantil está em 22,5% ou seja, deste total de novos Brasileiros 621.216 morreram com menos de 05 anos.
Este mesmo Censo apresentou que apenas 55,4% dos Brasileiros tem saneamento básico, este dado explica o alto número de mortalidade infantil.

O Ministério da Saúde apresentou no inicio de 2012 uma avaliação chamada IDSUS que significa "Índice de Desempenho do SUS". Com esses dados, o governo fez um indicador que mede o acesso da população a todo tipo de serviço e a eficiência da saúde no Brasil. Este levantamento apontava notas de 0 a 10 para a Saúde Pública Brasileira.

A nota nacional ficou em 5,4 e em 93,8% dos municípios tiveram nota abaixo da média (7) e destes, 27% tiveram nota abaixo de 5. Um exemplo por ser visto no Rio de Janeiro, um dos municípios mais ricos e com boa estrutura recebeu a nota de 4,3.

Pode-se concluir então que  crescimento da economia Brasileira não resulta em benefício para a população Brasileira, ao contrário, por causa da política econômica e monetária, agrava a desigualdade entre a renda do trabalhador e os ganhos do capital

Arma da Crítica Baixada Santista

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Fidel Castro comemora 86 anos

Fidel Castro celebra 86 anos nesta segunda-feira (13 de agosto).

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu no dia 13 de agosto de 1926. 
O Cubano de Birán foi presidente de Cuba desde a Revolução Cubana ocorrida entre 1958 e 1959 onde derrubou o governo do general Fugêncio Batista.
Fidel permaneceu no poder até fevereiro de 2008 onde passou o poder para seu irmão Raúl Castro, formando 49 anos no poder.

Em comemoração dos seus 86 anos, foi celebrada uma festa infantil com um bolo que dizia "Felicidades, comandante" onde no passado Fidel comemorava seus aniversários cercado das crianças cubanas.

O jornal do Partido Comunista, o Granma, publicou  algumas saudações de cubanos e estrangeiros, além das memórias relacionadas a Castro de jornalistas, companheiros da revolução de 1959 e militares.

Arma da Crítica Baixada Santista

Educação Brasileira



Arma da Crítica Baixada Santista




No Fórum Mundial de Educação, ocorrido em 2000 (Dakar/Senegal) foi assinado o "Educação para Todos: Compromisso de Dakar" (EPT) onde foram estabelecidos seis objetivos que devem ser atingidos até 2015, sendo eles:
  1. Ampliar a educação para a primeira infância; 
  2. Universalizar o acesso à educação básica;
  3. Garantir o atendimento de jovens em programas de aprendizagem;
  4. Reduzir em 50% as taxa de analfabetismo;
  5. Eliminar as disparidade de gênero no acesso ao ensino; 
  6. Melhorar a qualidade da educação.
Para medir o desempenho dos países no setor, a UNESCO criou o "Relatório de Monitoramento Global". 

O Brasil está em 88º lugar no último relatório, lançado em 2011, onde manteve a sua posição alcançada em 2010, ficando atrás de Cuba (14º lugar), Estônia (20º lugar) , Azerbaijão (23º lugar),  Trinidad e Tobago (37º lugar) e  Palestina (76º lugar).

Conclui-se que este desafio está longe de ser atingido se o Brasil quiser sair pelo menos do nível "Médio" de desenvolvimento na área.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Perigos da terceirização

ENTREVISTA: Advogado Caruso falasobre os perigos da terceirização

Ela precariza direitos, reduz salários e impede criação de novos empregos

A terceirização começou a ganhar terreno no final dos anos 80, início dos 90, com o surgimento da globalização. Hoje é um fenômeno mundial que contribuí com a precarização das relações trabalhistas.
No Brasil, onde a legislação é falha e não regulamenta a terceirização, o problema é ainda maior. Os trabalhadores terceirizados normalmente têm direitos e benefícios inferiores aos oferecidos pela empresa tomadora do serviço.
Uma pesquisa do realizada pelo Dieese em 2011, sobre os efeitos da terceirização no mundo do trabalho e na economia, mostra que diferente do que empresários e neoliberais defendem, 800 mil vagas de emprego deixaram de ser criadas em 2010 graças a terceirização.
Além disso, a pesquisa também aponta outros dados preocupantes. As empresas terceirizadas, por exemplo, respondem por oito em cada dez casos de acidente de trabalho ocorridos no país. Além disso, funcionários terceirizados ganham em média, 27% a menos.
Para falar sobre esse assunto, o Jornal do Unificados entrevistou o advogado José Mário Caruso Alcocer, do escritório Caruso, Arcaro, Souza e Aguiar Advogados Associados, ex-advogado do Sindicato Químicos Unificados.


ENTREVISTA

“O patrão sempre enxerga o empregado como custo”


Jornal do Unificados: A terceirização e a precarização são hoje os maiores desafios apresentados ao mundo do trabalho hoje?


Caruso: Em busca de maiores lucros e menores riscos, os empregadores sempre estarão atrás de novas fórmulas para driblar o sistema inventado e manipulado por eles. Significa dizer, em outras palavras, que desde que foi concebida a terceirização visou a precarização dos direitos trabalhistas. É mais uma forma encontrada pelos patrões de exploração da mão de obra. Diante desta visão, resta à classe operária se opor, veementemente, contra o avanço desta onda globalizante da terceirização.

Jornal do Unificados: Quais são os principais prejuízos da terceirização para os trabalhadores?

Caruso: Os prejuízos são vários, mas o principal deles é o econômico, pois implica em redução do salário de um empregado que, muitas vezes e de forma disfarçada, exerce as funções de um empregado não terceirizado, gerando assim uma discriminação salarial, bem como redução e perda de outros direitos.
A terceirização possibilita também, o aumento da rotatividade da mão de obra, além daquela normal, pois o patrão sempre enxerga o empregado como custo e a rotatividade é uma forma de reduzi-lo, aumentando assim seus lucros.

Jornal do Unificados: Muita gente afirma que a terceirização é um caminho sem volta. Você concorda?

Caruso: Em hipótese alguma. Temos que ter em mente o seguinte: tal afirmativa só interessa àqueles que detêm os meios de produção. A terceirização, como já foi dito, nada mais é do que uma forma encontrada pelas empresas em se dedicar em um só foco de sua atividade principal (atividade fim), relegando as demais atividades (atividade meio ou atividade acessórias) a cargo de outras empresas. Tal fenômeno se expandiu rapidamente no cenário nacional e internacional.

Jornal do Unificados: Quais devem ser os pontos presentes em uma possível reforma trabalhista?

Caruso: Em se tratando deste tema da terceirização, deve-se restringi-la ao máximo. Ou seja, as possibilidades de sua utilização devem ser nulas, tendo em vista os malefícios causados aos direitos dos trabalhadores. Outro aspecto relevante deve ser a de possibilitar a representação dos terceirizados pelo sindicato da empresa tomadora de serviço. Para tanto os sindicatos devem promover uma reforma em seus estatutos.

Jornal do Unificados: Essa reforma na legislação pode resolver o problema da terceirização?

Caruso: Não, por diversos motivos. O principal deles é entender de que se trata de uma posição ideológica enraizada no meio empresarial (entenda como sendo os representantes do capital) e que por sua vez ainda detém o poder político e econômico do país. Desta forma, o caminho mais eficaz passa pela mudança de postura dos representantes da classe trabalhadora frente a este problema. Ou seja, os representantes devem criar mecanismos protetivos que minem ou anulem qualquer fórmula, aparente ou não, que visa a implantação e disseminação do modelo terceirizante.

Jornal do Unificados: Há alguns anos a economia mundial, em especial a europeia, passa por uma grave crise. Como você vê a afirmação de que a terceirização é uma das soluções para resolver essa crise?

Caruso: Quem realmente acredita nesta solução e a divulga, na verdade não está interessado em solucionar a crise e sim em mantê-la sob controle. Em todos os modelos desenvolvimentistas criados pelos capitalistas as crises são cíclicas e necessárias, visam o aperfeiçoamento para a sua perpetuação no poder. No momento, na economia europeia, a terceirização não passa de um remédio paliativo que não resolverá efetivamente a crise.

Fonte: Sindicato Químicos Unificados

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Manifestação reúne professores, técnicos e estudantes em frente às obras da Copa


Fábio Ramirez

Professores, técnicos administrativos e alunos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) fizeram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (8) em frente às obras da Arena Pantanal para protestar contra o governo federal que se nega a atender as reivindicações dos servidores públicos.

Com palavras de ordem, os manifestantes diziam "tem dinheiro para Copa mas não tem para a educação". Cerca 500 pessoas participaram do protesto que chegou a interditar o trânsito da principal avenida do bairro Verdão, local onde está sendo contruído o estádio para a Copa do Mundo 2014.

A atividade faz parte do calendário de luta da greve dos professores e técnicos universitários. Alunos da UFMT também permanecem mobilizados em solidariedade à greve e com pautas específicas, como ampliação do restaurante universitário e da moradia estudantil e revogação do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que tem aumentado o número vagas sem investir em estrutura e profissionais na mesma proporção, prejudicando a qualidade de ensino nas universidades federais.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Só a luta operária e popular pode reverter a regressão social!


Viva os proletários de todos os países!

Em todos os continentes a classe operária e os povos resistem à deterioração das suas condições de trabalho e de vida e lutam contra a ofensiva capitalista e imperialista. Greves, manifestações, guerras populares, com vitórias e derrotas vêm ocorrendo em todo o mundo. Mas vivemos um período da história da humanidade marcado pela regressão social, que pode ser verificada em todas as dimensões da vida.

Consideramos que o fator fundamental nesse processo de regressão foi o predomínio do oportunismo, do reformismo e da conciliação de classe, particularmente nas últimas décadas, no movimento comunista e operário mundial, nos partidos comunistas e revolucionários. Esse recuo ideológico e político na luta de classes internacional levou a erros e desvios na construção do socialismo, com a derrota da União Soviética e do bloco socialista do leste europeu, e à vitória da burguesia e da contrarrevolução mundial. Em países como a China, onde formalmente prevalece um regime socialista, observamos um processo de restauração capitalista. A burguesia nacional se fortalece não só porque explora brutalmente o proletariado chinês, com altas taxas de mais-valia, como também porque expande essa exploração sobre os trabalhadores em outros países onde suas empresas se instalam. Desde então, o retorno ao capitalismo nessa região do planeta, bem como sua intensificação nas regiões anteriormente dominadas, como América Latina e África, desencadearam uma contínua reversão das conquistas sociais que estavam em curso em todo o mundo, desde a Revolução de Outubro de 1917.

Esse recuo das posições revolucionárias deixou a classe operária e os povos no mundo desarmados para enfrentar a política do capitalismo de intensificar a exploração e a opressão. E, no contexto desse recuo, a burguesia em nível mundial, com a reestruturação produtiva e a “liberalização” da economia (o chamado “neoliberalismo”), conseguiu vergar o proletariado ameaçando-o com o desemprego, o fechamento de fábricas e a não realização de investimentos, caso não aceitassem as reformas regressivas que retiravam direitos. 
O resultado de todo esse processo é que o direito a uma vida digna, consubstanciado na universalização do acesso a trabalho regulamentado, alimentação, moradia, saúde, cultura e lazer, que era uma realidade para uma parte considerável dos povos e que ao menos parcialmente estava ao alcance das populações dos países capitalistas dominantes e, em menor medida, também nos países dominados, foi interrompido.

A contrarrevolução burguesa em curso, para favorecer a possibilidade do emprego de capitais que não conseguem aplicação lucrativa na esfera produtiva, tratou de destruir os serviços públicos de educação, saúde, entre outros, forçando os setores médios da sociedade a pagarem por estes serviços em escolas e convênios particulares, condenando os setores mais empobrecidos a um precário atendimento público. Esses capitais também são aplicados na especulação financeira envolvendo até os alimentos, encarecendo seu preço e aumentando a fome em vários países do mundo.

O desenvolvimento científico e tecnológico, colocado a serviço do capital, leva o desemprego, a fome e a miséria a milhões de pessoas, que sobrevivem em condições sub-humanas nas ruas e favelas. A quantidade de alimentos produzidos hoje daria para alimentar o equivalente a três vezes a população mundial. Porém, milhões de pessoas no mundo se alimentam mal, vivem na subnutrição crônica ou morrem de fome, pois se reforça a lógica da acumulação capitalista, de obter lucros, na produção de alimentos. Outra parcela dos trabalhadores, para manter um padrão de vida minimamente decente, se submete à intensificação da exploração, laborando extensas horas e com ritmos acelerados de trabalho.

Para levar adiante essa política, a burguesia conseguiu a adesão de vários partidos e organizações sindicais e populares que, anteriormente, defenderam projetos emancipatórios, mas que se converteram aos dogmas burgueses e reduziram suas propostas a meras reformas superficiais, na forma de políticas compensatórias, do tipo bolsa-família. Esses partidos e organizações contribuíram para a situação de regressão social atualmente em curso, ao negociarem com a burguesia a aplicação de políticas que retiram direitos.

As formas de regressão social impostas em todo o mundo pelo imperialismo ao proletariado incluem as ameaças de novas guerras, inclusive as nucleares, como o possível bombardeio ao Irã. Em busca de manter fontes de matéria-prima, o imperialismo incrementa guerras e busca se imiscuir nos assuntos internos de certos países, como foi o caso da Líbia e agora a Síria. O aprofundamento da crise e a regressão social vivida pelo proletariado, especialmente na Europa, geram uma revivescência do fascismo em escala mundial e de formas de autoritarismo civil.

O Brasil, apesar da propaganda oficial que afirma ter surgido no país uma nova classe média, não está imune a esse processo de regressão social. O aumento no consumo de eletroeletrônicos e de automóveis por meio do endividamento familiar pode dar a impressão de certa melhoria nas condições de vida, mas não apaga problemas como a intensificação da exploração, os salários baixos, as longas jornadas de trabalho, o aumento nas denúncias de trabalho escravo mesmo em atividades urbanas e a deterioração dos serviços públicos, como a saúde e a educação, o transporte público caótico, e a falta de moradia, etc. As obras da Copa e das Olimpíadas, além de novos empreendimentos industriais como portos, usinas e estaleiros, atiçaram a ganância do capital imobiliário. Este promove em várias cidades, com apoio do judiciário e da polícia, remoções violentas de comunidades inteiras. Há uma remodelação de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde se expulsam moradores de comunidades pobres visando entregar essas áreas para a especulação imobiliária.

Contra tudo isso o proletariado brasileiro tem resistido com lutas e greves. Destacam-se as lutas dos operários dos canteiros de obras nos estádios de futebol, do PAC na construção das Usinas de Jirau e Santo Antônio, a greve dos bombeiros no Rio de Janeiro, a luta dos professores por todo o país. A resposta do Estado capitalista brasileiro a todas essas demandas tem sido a repressão e criminalização dessas lutas, com o envio de tropas da Força Nacional de Segurança para reprimir a greve dos operários nas obras do PAC e o violento despejo que sofreram os moradores do Pinheirinho em São José dos Campos/SP.

Em nossa opinião, só a luta operária e popular pode reverter esse processo de regressão social. Os trabalhadores, se quiserem melhores dias para si e seus filhos, devem aceitar o desafio de lutar revolucionariamente pela destruição das relações sociais capitalistas e, consequentemente, pela edificação de uma sociedade socialista, em transição para o comunismo.

No imediato, devemos generalizar e unificar as lutas de cada categoria profissional, junto aos demais setores explorados, na resistência à retirada de direitos sociais e trabalhistas e contra a privatização e precarização dos serviços públicos. No plano internacional, devemos nos solidarizar com os trabalhadores em luta e nos opor resolutamente contra todas as formas de intervenção e guerras patrocinadas pelo imperialismo, garantindo aos povos o direito a sua autodeterminação.

Viva o 1º de Maio classista e de luta!

Viva os proletários de todos os países!

Jornal Arma da Crítica

sábado, 4 de agosto de 2012

NOTA SOBRE O BRUTAL ASSASSINATO DO COMPANHEIRO VALMIR LOPES EM BOA VISTA-RR





O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST manifesta sua indignação e pesar ante o brutal assassinato do companheiro Valmir no dia 27 de julho de 2012. Ele morava no acampamento Augusto Mariano do MTST de Roraima desde o início do acampamento, em 2009.
Num dia que era pra ser de festa, uma festa julina beneficente da Escola Infantil Augusto Mariano, um grupo de pessoas estranhas invadiu o acampamento querendo matar a coordenação do MTST/RR. Valmir foi o primeiro a receber este grupo e foi informado de que eles iriam matar toda a coordenação e depois ele. Os próprios moradores avisaram a coordenação que isso estava acontecendo. Foi possível que os companheiros e companheiras se escondessem e ficassem a salvo. Infelizmente os assassinos já haviam rendido Valmir. Como não conseguiram achar mais ninguém, cortaram sua cabeça e a esmagaram em seguida, a marteladas, no meio do acampamento, portanto chocando as crianças, idosos e todas as outras pessoas que lá estavam.
Esse atentado a todos os trabalhadores que lutam por moradia não foi uma ação pontual ou isolada, está envolvido num processo de perseguição ao movimento. Que já vem sendo há muito denunciado pelo MTST na Campanha Sem Teto Com Vida. Já houve outros atentados, como por exemplo no DF, e o movimento de luta combativa pela moradia continua sendo perseguido.
O terreno do acampamento Augusto Mariano já foi conquistado pelo MTST há cerca de 4 anos, sendo passado pelo governo federal ao estado de Roraima, para a construção das casas. Há 2 anos, a Dori Empreendimentos Imobiliários tenta ganhar esta terra para fazer o estacionamento de seu shopping. Como a luta continua e o movimento resistirá para garantir a moradia das 100 famílias, a empresa tenta de todas as maneiras acabar com o acampamento. Já entrou na justiça pedindo reintegração de posse, já processou coordenadores, ofendeu publicamente e ameaçou a vida.
Não cabe ao MTST apontar quem foi o mandante deste crime, mas exigimos que a investigação seja feita com toda a seriedade e que todos os responsáveis sejam punidos. Esta morte, que é um atentado a todos os sem teto do país não pode ficar impune! Exigimos também que seja garantida, pelo Estado, a segurança de todos e todas que moram no acampamento, em especial da coordenação do MTST que está sujeita a essas ameaças que vem de vários lados.
Prestamos toda a solidariedade à família de Valmir que jamais esquecerá este acontecimento. E temos a certeza que o espírito dele estará para sempre na memória de todos e presente em cada luta do MTST.


Coordenação Nacional do MTST

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Organização por local de trabalho: ponto central da luta de classes

A organização dos trabalhadores nos locais de trabalho é uma das tarefas mais importantes para a luta dos trabalhadores na atualidade. A dispersão e fragmentação vivida pelos trabalhadores, somadas à idéia de fim da centralidade do trabalho difundida pelas teorias pós-modernas, retiraram do local de trabalho seu foco como espaço onde ocorre a principal contradição e luta de classes da sociedade capitalista.
A história da classe operária demonstra a importância do trabalho fabril para a sua luta contra o capitalismo, cujos melhores exemplos são os sovietes na Rússia, conselhos que uniam diferentes comitês de fábrica e que na Revolução de 1917 se transformaram em instrumento de poder operário e popular. Outro foram os conselhos operários de Turim, na Itália, ao final da Primeira Guerra (1914-1918). Antonio Gramsci, um dos mais importantes dirigentes comunistas do século XX, serviu-se dessa experiência para formular a idéia dos conselhos como órgão de construção da hegemonia da classe operária na revolução.
O Brasil também conheceu importantes experiências de organização por local de trabalho, em especial, de luta sindical. Em 1953, a chamada “Greve dos 300 Mil” que durou 30 dias, reunindo diversas categorias operárias de São Paulo, foi construída e mantida a partir de comitês de fábrica que se articulavam por bairros. Em 1968, outra importante experiência foi a Comissão de Fábrica da Cobrasma, em Osasco, cuja greve desafiou a ditadura militar e que só acabou após a invasão da fábrica pelo exército. Ao longo das décadas de 1970 e 1980, muitas oposições sindicais se articularam a partir de comissões de fábrica, algumas legais e outras não. Uma das mais expressivas delas foi a do Momsp (Movimento de Oposição Metalúrgica de São Paulo), articulado a partir da base.
Queremos, nessa edição do jornal Arma da Crítica, refletir sobre a atualidade e importância das OLT’s na luta sindical, em um contexto marcado pela dispersão e fragmentação, pela burocratização das entidades sindicais (com honrosas exceções) e pela intensificação da exploração capitalista. Queremos demonstrar que para enfrentar essas questões, visando colocar a classe operária em movimento e em luta contra o capital, torna-se imprescindível que os comunistas e setores combativos e classistas “voltem para a fábrica”. Ou seja, que organizem a luta e a resistência dos trabalhadores a partir do espaço onde se dá a exploração do trabalho pelo capital.


Nas empresas o capital acirra a exploração


Na atual conjuntura, de crise econômica e de aumento da concorrência intercapitalista, para acumular cada vez mais capital, as empresas têm aplicado políticas que acentuam a exploração do proletariado. Prolongamento da jornada, instituição de metas de produção, vinculação dos salários ao cumprimento dessas metas, intensificação do ritmo de produção, adoecimento físico e psíquico cada vez maior dos trabalhadores, aumento nos acidentes de trabalho, jornada flexível, banco de horas, finais de semana inteiramente livres cada vez mais raros mesmo para categorias mais mobilizadas, etc.
Há uma constante limitação dos direitos ou mesmo a sua negação pura e simples, sobretudo para os trabalhadores precarizados. Para economizar nos encargos sociais, as empresas adotaram a terceirização de vários serviços, ligados às atividades meio, mas também às atividades fim. As empresas que prestam esses serviços recebem valores elevados, mas pagam muito mal aos trabalhadores, contratando-os pelo salário-mínimo. Mas na prática pagam menos do que isso, já que descontam uniformes e outros equipamentos.
Apesar da propaganda sobre o tal crescimento da “classe C”, o fato é que a participação dos salários no PIB diminuiu se comparado há 20 anos. Foi de 44% em 1993 para 35% em 2010. Os acidentes de trabalho dispararam. De acordo com dados do INSS, em 2003 foram notificados 399.077 acidentes de trabalho. Já em 2010 as notificações pularam para 701.496, crescimento de 75,77%. Dados do censo do IBGE de 2010 indicam que 62% dos empregos gerados no Brasil pagam até 2 salários mínimos. As conseqüências de todo esse processo são dramáticas, sendo sua face mais visível o adoecimento físico e psicológico dos trabalhadores.
São inúmeros e cada vez maiores os problemas encarados pelos trabalhadores em seus locais de trabalho. Os sindicatos em sua maioria, operando na lógica da colaboração de classe, passaram a aceitar essa medidas sem resistir, chegando em muitos casos a negociá-las com o capital.
Aos trabalhadores não resta outro caminho se não o de resistir a tais ataques. Onde os sindicatos são atuantes e comprometidos com os seus interesses, os trabalhadores têm sido capazes de encarar essa situação e até impor algumas derrotas ao capital. Porém, onde os sindicatos fazem o jogo patronal, aceitando a aplicação de tais políticas, a luta se torna mais dura e difícil. Mas tanto em um caso como em outro, os trabalhadores serão capazes de resistir ao avanço do capital contra nossos direitos se a luta começar no local mesmo onde a exploração acontece: nas empresas.


Mas os que são as OLT’s?

Quando se fala em Organização por Local de Trabalho (OLT), imediatamente pensamos em uma estrutura burocrática, formada por trabalhadores eleitos que se reúnem periodicamente para discutir seus problemas. Nada mais falso! Dentro de nossa concepção, vemos as OLT’s como um espaço de luta tanto para resistir à exploração do capital, a luta econômica e sindical, como para também torná-las organismos que desenvolvam a consciência de classe e despertem os trabalhadores para a luta política e para a luta pelo socialismo. Diferenciamo-nos, portanto, das OLT’s cujo principal objetivo é o de agirem como órgãos de conciliação de classe, que têm sido usadas para negociar a retirada de direitos.
Como dentro das empresas não existe democracia, pois impera a ditadura do capital, este se serve da ameaça de demissão como forma de disciplinar os trabalhadores e obter destes o compromisso de “vestirem a camisa da empresa”. Portanto, não é possível derrotar a burguesia, se não estivermos organizados nos locais de trabalho. Essa atuação deve estar alicerçada em duas frentes. Uma clandestina, formada pelos trabalhadores mais conscientes, cuja tarefa é a de fazer o trabalho político e ideológico no interior das empresas. Seu papel é o de planejar a atuação dos militantes visando organizar e elevar a consciência dos trabalhadores. Outra frente é a legal, que utiliza os espaços como Cipa’s, comissões de fábricas, delegados sindicais, para exercer sua atuação e ampliar o alcance de seu trabalho. A vantagem desses espaços é que podem facilitar o trabalho em categorias nas quais a direção do sindicato está queimada.
A atuação em sindicatos deve estar alicerçada na presença nessas comissões, inclusive para ter condição de eleger direções mais combativas. Num contexto de crescente adoecimento profissional, essas comissões, principalmente as Cipa’s, podem cumprir um destacado papel. É preciso deflagrar uma campanha de organização de Cipa’s, divulgando a legislação sobre as mesmas, entre outras iniciativas. Se o importante para construir as OLT’s é ter iniciativa política, é preciso começar identificando as dificuldades que existem em nossa atuação para podermos superá-las.


Quais são essas dificuldades?


As dificuldades são objetivas e subjetivas. A solução das objetivas começa pela solução das subjetivas. Em primeiro lugar, como os trabalhadores são disciplinados pelo capital através da coerção econômica, muitos companheiros se intimidam com os ataques patronais e adotam uma posição individualista, de ficar na sua e não reclamar. A terceirização é outro problema, pois as empresas usam-nas para criar um sentimento de discriminação e preconceito contra o terceiro que dificulta uma ação unificada entre os trabalhadores de uma mesma planta. Por esse motivo, o primeiro desafio a ser encarado é o de criar entre todos os trabalhadores um sentimento de solidariedade, camaradagem e união. Essa relação se constrói a partir de situações simples, como auxílio a um companheiro enfermo e que passa por dificuldades, realização de atividades sociais (festas, churrascos, futebol) que juntem a todos.
Outras dificuldades a serem enfrentadas dizem respeito ao pouco tempo, energia e dinheiro para outras atividades. Além disso, há as demandas ligadas a outros meios sociais como a família, a religião, etc, ou seja, às necessidades subjetivas. As instituições nas quais os proletários vão buscar a satisfação dessas necessidades difundem idéias, em geral, favoráveis à manutenção da sociedade capitalista. A burguesia atua, nessas instituições, de maneira a resolver as contradições de classe a seu favor.
Assim, a pressão que a burguesia faz no local de trabalho para impedir nossa organização se completa nas outras esferas da nossa vida, com o estímulo ao consumismo, ao conformismo e à submissão. Não é demais lembrar aqui o papel cumprido por algumas entidades religiosas, educativas, esportivas, pelos grandes monopólios de comunicação, etc. As empresas, por sua vez, tem usado diversos meios para continuar explorando os trabalhadores, dividindo-os, incentivando a competição e cooptando-os, sempre com a intenção de criar um consenso em torno de sua visão de mundo e comprometendo-os com os interesses mais gerais das empresas.


Nosso papel nesse contexto


Em seu esboço biográfico dedicado a Engels, Lênin escreveu: “Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma classe que sofre, mas que a miserável situação econômica em que se encontra empurra-o irresistivelmente para frente e obriga-o a lutar pela sua emancipação definitiva. E o proletariado em luta ajudar-se-á a si mesmo. O movimento político da classe operária levará, inevitavelmente, os operários à consciência de que não há para eles outra saída senão o socialismo. Por seu lado, o socialismo só será uma força quando se tornar o objetivo da luta política da classe operária”. (Obras escolhidas em 3 volumes, vol.1, pág.30).
Seguindo essa indicação de Engels, nosso trabalho deve buscar despertar a consciência dos trabalhadores para colocá-los em luta. Nos locais de trabalho devemos dar exemplo de disposição para o enfretamento às pressões, na luta por melhores condições de trabalho, melhores salários, etc. Devemos ser pacientes e perseverantes, evitando a arrogância. Se tivermos uma compreensão científica da sociedade em que vivemos, somos nós que devemos compreender as limitações dos outros e não eles as nossas. Mais ainda, podemos e devemos nos interessar pelos demais aspectos da vida proletária, lutando por cultura e lazer em quantidade necessária e de boa qualidade. Essa luta econômica, sindical, deve ser a base para a atuação dos comunistas no sentido de organizar a luta de classes política no sentido forte da palavra, de conquistar o poder de Estado e construir o socialismo.


Mas isso não é reformismo?


Não! Isso é luta por reformas. A revolução só é possível quando as lutas por melhorias imediatas nas condições de vida e de trabalho, as quais a burguesia não pode atender satisfatoriamente, se generalizam. É aqui que os comunistas se diferenciam dos social-democratas na luta por reformas. Lutamos por condições dignas de vida para todos os trabalhadores, sabendo que no capitalismo não há possibilidade de atendimento das demandas dos trabalhadores, senão parcialmente e por um tempo limitado, pois se chocam com a lógica do capitalismo que é o de aumentar a acumulação aumentando a exploração dos trabalhadores.
Por isso os comunistas não ficam limitados à luta por reformas, o que caracterizaria o reformismo. Os comunistas lutam por reformas para acumular forças, para elevar o nível de consciência e organização da classe operária e seus aliados com o objetivo principal de fazer a revolução, de acabar com as relações de produção (relações de exploração) capitalistas.
Para isso, precisamos ter raízes profundas na nossa classe. Os trabalhadores não identificam como sua vanguarda quem se autoproclama como tal, mas quem efetivamente está junto na luta de classe. Os comunistas precisam se fazer presente nas lutas mesmo pequenas dos trabalhadores para ganharem sua confiança.

COMO ORGANIZAR OS TRABALHADORES?


Não existe uma forma infalível para todas as situações. Em geral, o trabalho de organização desenvolve-se:
1-Observando as contradições em cada local e estimulando os trabalhadores a desenvolverem ações para resolvê-las a seu favor.
2-Estimulando os trabalhadores a se associarem nas comissões de fábrica ou empresa, nas Cipa’s e nos sindicatos.
3-Difundindo literatura revolucionária para os trabalhadores.
4-Estimulando os trabalhadores a adquirirem uma boa cultura geral.
5-Estimulando a solidariedade de classe.
6-Mostrando as condições de vida da burguesia e sua relação com a nossa miséria.
7-Combatendo o consumismo, o conformismo, etc.

Jornal Arma da Crítica

SAIBA O QUE É O CAPITALISMO



Atilio A. Boron [*]

Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na renda global de 1,16% para 0,92%, enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram mais às suas fortunas, passando de dispor de 64,7% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos.
Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação na renda global de 1,16% para 0,92%, enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram mais às suas fortunas, passando de dispor de 64,7% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos.
O capitalismo tem legiões de apologistas. Muitos o são de boa fé, produto de sua ignorância e pelo fato de que, como dizia Marx, o sistema é opaco e sua natureza exploradora e predatória não é evidente aos olhos de mulheres e homens. Outros o defendem porque são seus grandes beneficiários e amealham enormes fortunas graças às suas injustiças e iniquidades. Há ainda outros (‘gurus’ financeiros, ‘opinólogos’ e ‘jornalistas especializados’, acadêmicos ‘pensantes’ e os diversos expoentes desse "pensamento único") que conhecem perfeitamente bem os custos sociais que o sistema impõe em termos de degradação humana e ambiental. Mas esses são muito bem pagos para enganar as pessoas e prosseguem incansavelmente com seu trabalho. Eles sabem muito bem, aprenderam muito bem, que a "batalha de ideias" para a qual nos convocou Fidel é absolutamente estratégica para a preservação do sistema, e não aplacam seus esforços.
Para contra-atacar a proliferação de versões idílicas acerca do capitalismo e sua capacidade de promover o bem-estar geral, examinemos alguns dados obtidos de documentos oficiais do sistema das Nações Unidas. Isso é extremamente didático quando se escuta, ainda mais no contexto da crise atual, que a solução dos problemas do capitalismo se consegue com mais capitalismo; ou que o G-20, o FMI, a Organização Mundial do Comércio e o Banco Mundial, arrependidos de seus erros passados, poderão resolver os problemas que asfixiam a humanidade. Todas essas instituições são incorrigíveis e irreformáveis, e qualquer esperança de mudança não é nada mais que ilusão. Seguem propondo o mesmo, mas com um discurso diferente e uma estratégia de "relações públicas" desenhada para ocultar suas verdadeiras intenções. Quem tiver duvidas, olhe o que estão propondo para "solucionar" a crise na Grécia: as mesmas receitas que aplicaram e continuam aplicando na América Latina e na África desde os anos 80!
A seguir, alguns dados (com suas respectivas fontes) recentemente sistematizados pelo CROP, o Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza, radicado na Universidade de Bergen, Noruega. O CROP está fazendo um grande esforço para, desde uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza, elaborado há mais de 30 anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos grandes meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e "especialistas" vários.
População mundial: 6.800 bilhões, dos quais...
• 1,020 bilhão são desnutridos crônicos (FAO, 2009)
• 2 bilhões não possuem acesso a medicamentos (www.fic.nih.gov)
• 884 milhões não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF, 2008)
• 924 milhões estão "sem teto" ou em moradias precárias (UN Habitat, 2003)
• 1,6 bilhão não têm eletricidade (UN HABITAT, "Urban Energy")
• 2,5 bilhões não têm sistemas de drenagens ou saneamento (OMS/UNICEF, 2008)
• 774 milhões de adultos são analfabetos (www.uis.unesco.org)
• 18 milhões de mortes por ano devido à pobreza, a maioria de crianças menores de 5 anos (OMS).
• 218 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, trabalham precariamente em condições de escravidão e em tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados, prostitutas, serventes, na agricultura, na construção ou indústria têxtil (OIT: A eliminação do trabalho infantil: um objetivo ao nosso alcance, 2006).
Somente esse 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seria suficiente para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando inumeráveis vidas e reduzindo as penúrias e sofrimentos dos mais pobres. Entenda-se bem: tal coisa se conseguiria se simplesmente fosse possível redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos. Mas nem sequer algo tão elementar como isso é aceitável para as classes dominantes do capitalismo mundial.
Conclusão: se não se combate a pobreza (que nem se fale de erradicá-la sob o capitalismo) é porque o sistema obedece a uma lógica implacável centrada na obtenção do lucro, o que concentra riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e a desigualdade socioeconômica.
Depois de cinco séculos de existência eis o que o capitalismo tem a oferecer. O que estamos esperando para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, será claramente socialista. Com o capitalismo, em compensação, não haverá futuro para ninguém. Nem para os ricos e nem para os pobres. A frase de Friedrich Engels e também de Rosa Luxemburgo, "socialismo ou barbárie", é hoje mais atual e vigente do que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro e seu motor é a ganância. Mas cedo que tarde provoca a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e uma crise moral. Ainda temos tempo, mas já não tanto.
12 de Maio de 2010

[*] Atilio A. Boron é diretor do PLED, Programa Latinoamericano de Educación a Distancia em Ciências Sociais, Buenos Aires, Argentina

Traduzido por Gabriel Brito, jornalista
Reproduzido de Correio da Cidadania
Esta página encontra-se em www.cecac.org.br

ORGANIZAR NO LOCAL DE TRABALHO PARA ENFRENTAR A REGRESSÃO SOCIAL

A presidenta Dilma Roussef, no último dia das mães, por ocasião do lançamento do Programa Brasil Carinhoso, afirmou que em nosso país seu governo se esforça em fazer a justiça social. Como outros governantes, neste tipo de discurso, recorre a uma técnica retórica para amenizar possíveis críticas.
Indica que muito tem sido feito, mas complementa dizendo que há muito por ser feito ainda.
O otimismo da primeira mandatária, no entanto, continua a se chocar com o que vemos nas ruas, praças, vilas, favelas e outros espaços públicos das grandes cidades brasileiras. As políticas compensatórias como o Brasil Carinhoso e Bolsa Família são insuficientes para reverter o quadro geral de pobreza, desigualdade e condições de vida duras e difíceis vivida pela maioria do povo brasileiro. Tentam consertar a miséria com um conta-gotas, enquanto o capitalismo e sua políticas regressivas que retiram direitos geram incessantemente mais e mais desigualdade.
Dados oficiais apontam para uma taxa de desemprego na casa dos 5%, mas pesquisa encomendada pela FIRJAM ( Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), aponta que em 2010, em algumas favelas e comunidades da ''Cidade Maravilhosa'' com presença da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), entre 20% nas favelas da zona sul e 36% em favelas da zona oeste, jovens entre 15 e 24 anos não estudam e nem trabalham.
Entre aqueles que trabalham, a situação é extremamente dura, na medida em que sofrem uma exploração brutal. Diversas categorias não sabem mais o que é descanso semanal regular, férias, etc. A superexploraçãofaz com que continuemos sendo um dos campeões mundiais de acidentes de trabalho e adoecimento profissional.
Por essas e outra razões é que os trabalhadores estão lutando, como no caso dos operários nas obras do PAC e dos estádios de futebol, dos servidores públicos da Saúde, da Educação, Transporte e dos trabalhadores metalúrgicos de São José dos Campos.
De fato, como sabemos, uma das armas mais poderosas que temos contra a burguesia e seus governos, é a nossa organização, ferramente necessária para que compreendamos a nossa realidade, para que nos mobilizemos e lutemos contra o capitalismo.

Jornal Arma da Crítica