O cenário social e político
brasileiro está marcado por uma maior disposição de luta, por parte de
determinadas setores do proletariado e demais camadas exploradas da população.
Os ventos que sopraram em 2013, nas jornadas de junho, continuam impulsionando
um conjunto de lutas, de diversos tipos, como greves de categorias
profissionais, sobretudo de servidores públicos da Educação e da Saúde.
Houve também um aumento das
ocupações urbanas, em virtude da elevação dos aluguéis, dos salários baixos e
das limitações dos programas governamentais para essa área. Esses grupos
marginalizados, organizados por vários movimentos, com destaque para o MTST –
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - conseguiram vitórias significativas nos
últimos meses.
Alguns dos sujeitos dessas lutas
desafiaram os governos, a imprensa burguesa e mesmo a direção de seus próprios
sindicatos, como ocorreu na greve dos garis no Rio de Janeiro e realizaram
movimentos grevistas longos, combativos e criativos na forma de se comunicar
com os demais setores sociais. A população não diretamente envolvida nessas
lutas tem demonstrado maior apoio e solidariedade e estão mais críticos às
manipulações dos meios de comunicação.
Inicialmente, a burguesia tentou
sufocar a onda de manifestações no berço, com intensa repressão. No entanto,
após constatar a dimensão da revolta, mudou a orientação, tanto da ação
repressiva, quanto do discurso veiculado pela grande imprensa em relação a tais
eventos. Todos os partidos tem usado imagens das manifestações em seus
programas de televisão, buscando atrair a simpatia popular.
Editoriais de alguns dos mais
autorizados órgãos da classe dominante admitem que as manifestações de junho de
2013 e o conjunto de mobilizações que se lhes seguiu, tem a ver com um profundo
mal estar existente entre a população, que já percebeu que a melhoria em suas
condições de vida é maior na propaganda dos governos do que ela própria pode
sentir em seu cotidiano.
A realização da “Copa da FIFA” no
Brasil não teve o poder imaginado por alguns de mudar significativamente o
atual quadro. Ao contrário, percebendo todo o dinheiro gasto e a corrupção na
construção dos estádios e que o tal legado social da copa é bastante reduzido,
parcelas da população tendem a se rebelar cada vez mais tal situação.
O baixo crescimento econômico, na
casa dos 2% nos últimos anos, a diminuição do consumo, como resultado do
endividamento e da inflação, indica que o desempenho da economia não será bom
cabo eleitoral em 2014. Os reflexos da crise capitalista estão presentes e
ainda não há condições suficientes para permitir um novo surto de crescimento.
Dados da Fiesp – Federação das Indústrias do estado de São Paulo - dão conta de
que fecharam em maio 12.500 postos de trabalho na indústria paulista. Desde
2009 esse número atinge 130.000.
Governo e oposição burguesa
trocam farpas e sinalizam uma campanha eleitoral centrada na disputa entre
modelos de gestão supostamente diferentes. As alianças que estão sendo feitas
nos estados mostram que essas diferenças não são tão grandes assim. O
descontentamento com a situação social, associado à desconfiança em relação aos
partidos que lideram as pesquisas eleitorais, devem resultar no aumento dos
votos nulos e brancos, assim como da abstenção eleitoral pura e simples.
A oposição proletária e popular ainda
não tem força suficiente para dirigir a revolta , que teve sua maior expressão
em junho de 2013. O proletariado industrial brasileiro, agente fundamental de
possíveis mudanças sociais profundas, continua, majoritariamente, dirigido por
organizações atreladas ao governo, em alguns casos. Em outros, conta com uma
direção mais combativa, mas despolitizada. Essas duas orientações tem em comum
o economicismo, que tem afastado esse setor das lutas mais gerais que se
desenvolvem nesse momento.
Quando tentaram dar demonstrações
de força no ano passado, as manifestações que convocaram se mostraram
esvaziadas e artificiais, com um visível caráter chapa branca. Os trabalhadores
desse setor que participaram das jornadas de junho, não o fizeram por
convocação dos seus sindicatos.
A mobilização social é sem dúvida
o fator novo e positivo da conjuntura que vivemos. Devemos trabalhar para que
as massas exploradas e oprimidas ocupem cada vez mais as ruas em luta por seus
direitos. E devemos trabalhar com afinco para que essa combatividade penetre
nos locais de trabalho, estudo e moradia, forjando as organizações capazes de
fazer avançar a luta revolucionária dos trabalhadores no Brasil.
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