sábado, 27 de setembro de 2014

Conjuntura nacional



O cenário social e político brasileiro está marcado por uma maior disposição de luta, por parte de determinadas setores do proletariado e demais camadas exploradas da população. Os ventos que sopraram em 2013, nas jornadas de junho, continuam impulsionando um conjunto de lutas, de diversos tipos, como greves de categorias profissionais, sobretudo de servidores públicos da Educação e da Saúde.
Houve também um aumento das ocupações urbanas, em virtude da elevação dos aluguéis, dos salários baixos e das limitações dos programas governamentais para essa área. Esses grupos marginalizados, organizados por vários movimentos, com destaque para o MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - conseguiram vitórias significativas nos últimos meses.
Alguns dos sujeitos dessas lutas desafiaram os governos, a imprensa burguesa e mesmo a direção de seus próprios sindicatos, como ocorreu na greve dos garis no Rio de Janeiro e realizaram movimentos grevistas longos, combativos e criativos na forma de se comunicar com os demais setores sociais. A população não diretamente envolvida nessas lutas tem demonstrado maior apoio e solidariedade e estão mais críticos às manipulações dos meios de comunicação.
Inicialmente, a burguesia tentou sufocar a onda de manifestações no berço, com intensa repressão. No entanto, após constatar a dimensão da revolta, mudou a orientação, tanto da ação repressiva, quanto do discurso veiculado pela grande imprensa em relação a tais eventos. Todos os partidos tem usado imagens das manifestações em seus programas de televisão, buscando atrair a simpatia popular.
Editoriais de alguns dos mais autorizados órgãos da classe dominante admitem que as manifestações de junho de 2013 e o conjunto de mobilizações que se lhes seguiu, tem a ver com um profundo mal estar existente entre a população, que já percebeu que a melhoria em suas condições de vida é maior na propaganda dos governos do que ela própria pode sentir em seu cotidiano.
A realização da “Copa da FIFA” no Brasil não teve o poder imaginado por alguns de mudar significativamente o atual quadro. Ao contrário, percebendo todo o dinheiro gasto e a corrupção na construção dos estádios e que o tal legado social da copa é bastante reduzido, parcelas da população tendem a se rebelar cada vez mais tal situação.
O baixo crescimento econômico, na casa dos 2% nos últimos anos, a diminuição do consumo, como resultado do endividamento e da inflação, indica que o desempenho da economia não será bom cabo eleitoral em 2014. Os reflexos da crise capitalista estão presentes e ainda não há condições suficientes para permitir um novo surto de crescimento. Dados da Fiesp – Federação das Indústrias do estado de São Paulo - dão conta de que fecharam em maio 12.500 postos de trabalho na indústria paulista. Desde 2009 esse número atinge 130.000.
Governo e oposição burguesa trocam farpas e sinalizam uma campanha eleitoral centrada na disputa entre modelos de gestão supostamente diferentes. As alianças que estão sendo feitas nos estados mostram que essas diferenças não são tão grandes assim. O descontentamento com a situação social, associado à desconfiança em relação aos partidos que lideram as pesquisas eleitorais, devem resultar no aumento dos votos nulos e brancos, assim como da abstenção eleitoral pura e simples.
A oposição proletária e popular ainda não tem força suficiente para dirigir a revolta , que teve sua maior expressão em junho de 2013. O proletariado industrial brasileiro, agente fundamental de possíveis mudanças sociais profundas, continua, majoritariamente, dirigido por organizações atreladas ao governo, em alguns casos. Em outros, conta com uma direção mais combativa, mas despolitizada. Essas duas orientações tem em comum o economicismo, que tem afastado esse setor das lutas mais gerais que se desenvolvem nesse momento.
Quando tentaram dar demonstrações de força no ano passado, as manifestações que convocaram se mostraram esvaziadas e artificiais, com um visível caráter chapa branca. Os trabalhadores desse setor que participaram das jornadas de junho, não o fizeram por convocação dos seus sindicatos.
A mobilização social é sem dúvida o fator novo e positivo da conjuntura que vivemos. Devemos trabalhar para que as massas exploradas e oprimidas ocupem cada vez mais as ruas em luta por seus direitos. E devemos trabalhar com afinco para que essa combatividade penetre nos locais de trabalho, estudo e moradia, forjando as organizações capazes de fazer avançar a luta revolucionária dos trabalhadores no Brasil.

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